Já faz pouco mais de um ano que
os professores do Estado de São Paulo entraram em greve pela última vez. Na
época, as reivindicações do sindicato (APEOESP) eram uma reposição salarial de
36, 74%, cumprimento da lei do piso do magistério ( 33% da jornada de trabalho
para formação e preparação de aula), fim dos descontos de falta e licenças
médicas para efeito de aposentadoria especial e extensão do regime de trabalho
da categoria F para os professores da categoria O (a categoria O são os
chamados professores eventuais, que praticamente não gozam de direito
trabalhista algum).
Desde
o início, o governo estadual do Sr. Geraldo Alckmin se posicionou de maneira
muito clara: a Apeoesp “se pauta por uma agenda
político-partidária completamente alheia ao compromisso centrado no aprendizado
dos alunos”. Em outras palavras, para o governo do estado de São Paulo, nenhuma
das reivindicações eram justas porque o sindicato é dominado pelo partido da
oposição (PT), sendo a situação precária e desesperadora do professor e da
escola pública apenas fruto da imaginação interesseira de conspiradores
políticos oponentes.
Também este ano, a APEOESP falou
em greve. Nesse sentido, entrevistamos a presidente do sindicato, a Sra. Maria
Isabel Azevedo Noronha e ela declarou que a greve é necessária, pois o governo
estadual mantém os professores numa situação de “desgaste físico mental,
intelectual e até adoecimento”. Para a presidente da APEOESP, a carreira de
professor tem se tornado pouco atraente por ser um profissional que ganha no
máximo R$ 2,500 por uma jornada de 40 horas semanais. Ela destaca que em uma
pesquisa feita pelo Data Popular, o professor é a profissão pública pior
remunerada entre as 21 profissões que foram abordadas, de forma que o ideal
seria um salário de R$ 4,500 por 20 horas semanais.
Apesar da retórica bonita e
realista, a Sra. Maria Isabel encerrou forçadamente a greve dos professores de
2013 quando a vontade dos grevistas apontou para uma unificação com a greve dos
professores municipais que acontecia no mesmo momento (cuja crítica, era
voltada ao prefeito Fernando Haddad, do mesmo partido de Maria Isabel). Na
ocasião, os grevistas se revoltaram contra o sindicato e tentaram agredir os
sindicalistas, que por sua vez, chamaram a PM para acalmar os ânimos da própria categoria
(lembrando que o calmante da PM se chama cassetete, bala de borracha e bomba de
efeito moral). Neste ano, Maria Isabel declarou que apenas cogitará puxar uma
greve da categoria dos professores do estado no segundo semestre.
Entre a disputa de interesses
burocraticamente partidários e individualistas de um governo psdebista e um
sindicato (atualmente) petista, perdem
os professores, que continuam em situação lastimável no mesmo passo em que a
educação pública fica cada vez mais precária, carente de profissionais (e bons
profissionais) e com isso, o cidadão pobre e de classe média, que não tendo condições
de pagar uma escola privada (que é em si espoliadora, visto que não é para
todos, e visto que trata um direito universal do cidadão como mercadoria), se
vê espoliado do direito de uma educação pública de qualidade. O que resta ao
trabalhador e seus filhos, no fim das contas, é uma revolta legítima.
Publicado originalmente em:
http://jornalconfronto.blogspot.com.br/2014/08/sobre-situacao-dos-professores-do.html